Chevrolet Camaro ss |
Tido como o estandarte do renascimento da indústria americana, em especial da gigante General Motors, o Camaro chega ao Brasil já forjado pela crise financeira que abalou o mundo bem no ano de seu nascimento e com um currículo de sucesso em terras ianques. Mas para entender a história evolutiva do novo modelo, que chega às lojas este mês por R$ 185.000 – e entregando muito mais do que seu imenso motor 6.2 V8, de 406 cv – não há como furtar-se em recorrer aos livros de história.
Depois do sucesso praticamente instantâneo da dupla Ford Mustang e Plymouth Barracuda, lançados em 1964, a General Motors reconheceu que um novo público americano merecia sua atenção. Os baby boomers (nascidos depois de 1945, data do fim da 2ª Guerra Mundial) já eram mais de 50 milhões de pessoas, e muitas delas, em 1966, já tinham dinheiro para adquirir um carro devido à pujança americana das duas últimas décadas. Contudo, os sedãs e cupês de mais de 5m de comprimento e 2 toneladas de peso não faziam a cabeça da juventude. Eis que os pequenos esportivos europeus invadem o mercado americano, provocando tal reação e o surgimento do segmento muscle car.
Ao lado da dupla Mustang e Barracuda, o Camaro surge em 1966 trazendo medidas mais compactas para os padrões da época e esportividade no visual e em suas configurações. Grandes motores V8 aliados ao peso menor passam a fazer parte da paisagem urbana dos EUA em proporções industriais. Em 1967, sua participação como pace car das 500 milhas de Indianápolis inflamou ainda mais a veia esportiva e Camaro virou símbolo de liberdade e, até certo ponto, de uma rebeldia juvenil. Sob o mesmo nome, ganhou reestilizações em 1970, 1982 e 1993, que foi descontinuada em 2001, no 35º aniversário do lançamento. Durou até 2002 em uma série limitada.
O fim do Camaro para os fãs tornou-se um recomeço para a Chevrolet. No ano seguinte ela já começava a rabiscar o que seria a versão futurista de sua lenda. O sul-coreano Sangyup Lee foi escolhido como chefe de design do projeto e teve como referência o modelo 1966/69 para trazer o Camaro de volta aos holofotes. “Foi uma situação inusitada e um desafio na minha carreira. Com este carro eu poderia ser aclamado como gênio, ou criticado por ser o idiota que descaracterizou uma lenda”, contou Lee, após ser ovacionado na primeira aparição do modelo de produção durante o Salão de Detroit de 2008. Antes mesmo de o carro estourar nos cinemas como o Bumblebee do filme Transformers 2: a vingança dos derrotados.
Versão 2SS
O carro que chega ao Brasil vem na versão 2SS, a top de linha. Nos EUA há ainda o LS, 1LT e 2LT, todos com motor 3.6 V6 de 312 cv, e a 1SS, com o mesmo motor 6.2 V8 que chega ao Brasil, mas sem o mesmo nível de equipamentos. Por fora, você vai notar, além da dianteira amedrontadora e das linhas com um “quê” de estar à frente de seu tempo, as belas e imensas rodas de 20” feitas de alumínio polido e calçadas com pneus 245/45 na frente e 275/40 na traseira. Se reparar bem, verá também que elas por dentro trazem enormes discos de freios nas 4 rodas, agarrados por pinças Brembo, sinônimo de esportividade.
Caso seus joelhos ainda estejam firmes, ao adentrar o Camaro, você vai se sentir um privilegiado. Tudo é gentilmente forrado com couro e os instrumentos do painel estão bem separados em dois espaços quadrados bem definidos. Seu volante lhe dá um ar de nave interplanetária, tem boa pegada (que é o que importa) com um cubo bem profundo, o que sacrificou a praticidade na hora de apertar os botões para as sete funções do computador de bordo, que fica em um cluster digital entre os instrumentos. Mesmo com todo o cuidado com estes detalhes, ao dirigir você nem precisa deles, já que há um display que é projetado no para-brisas, com as rotações, velocidade e modo de câmbio, ou marcha que se está no momento.
A versão importada para cá traz sistema de telefonia via Bluetooth, disqueteira para 6 CDS, toca MP3 player, tem entrada USB e 9 caixas de som espalhadas pelo habitáculo de 4 lugares. As partes plásticas do painel e das portas podem vir na cor do carro, quando a escolha for o amarelo ou o preto. Se você optar pelo vermelho, prata ou branco terá este revestimento na cor cinza escura. E você não acha que um carro de R$ 185 000 não traria ABS, seis airbags, vidros, travas e retrovisores elétricos, não é mesmo? Outra particularidade do Camaro é a opção única de transmissão automática de 6 velocidades com trocas que podem ser feitas por borboletas atrás do volante.
Ao volante
Quando você ligar o carro, vai ver que a história do comercial dele na TV e internet do “é no silêncio de um Chevrolet...” é a mais pura balela. O ronco alto com que ele lhe dá um “oi” assusta tanto quanto o robô dos Transformers, apesar de seu motor inteligente contar com um gerenciador do funcionamento dos cilindros, desligando-os à medida que reconhece seu pé mais leve. E saiba que é difícil não querer ouvir o V8 falando alto o tempo todo.
As boas impressões permanecem à medida que a velocidade aumenta. Apesar da visibilidade prejudicada de um carro com a frente enorme e que se dirige em posição mais baixa que o normal, não se pode reclamar de falta de controle. Não bastassem os gerenciadores de estabilidade e tração, sua suspensão com multibraços nas quatro rodas entrega um nível de segurança acima do que se esperaria de um carro com esta proposta. Tudo bem que o controle de tração não fica totalmente desligado – caso você abuse demais dos 56,7 mkgf de torque e se sinta perdido ele volta à carga –, mas mesmo quando a força gravitacional faz de tudo para empurrá-lo para fora de uma curva o Camaro se comporta como um esportivo de alta classe. Nem parece americano.
Quando você se desligar um pouco do mundo que passa como uma pintura borrada pelas janelas, perceberá que mesmo sendo um esportivo ele não é proibido para quem também quer um carro comum. Tem um porta-malas de 384 litros e o espaço traseiro, apesar de levar só duas pessoas, não é feito para crianças. As únicas ressalvas internas ficam por conta dos bancos. Comparados à performance do carro, ele são como poltronas na cozinha. Confortáveis, grandes, mas deixam você um pouco solto ali. A outra fica na conta da posição do freio de estacionamento, que está ao lado do console central, só que encostado no banco do passageiro. É estranho e não será fácil acostumar
Na pista
Os números do teste realizado no Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, serviram apenas para ratificar a aparência aliada às suas especificações técnicas. Usando gasolina comum, o Camaro cravou 5s6 para ir da imobilidade aos 100 km/h e apenas 13s8 para percorrer 400m a uma velocidade máxima de 170 km/h. A retomada de velocidade também espanta: leva apenas 4s,1 para sair dos 40 km/h e ir aos 100 km/h, empurrando seu estômago contra seus pulmões. Para frear é o contrário. Seus pulmões são empurrados para a frente e o mundo lá fora para em 23 m vindo a 80 km/h. Impressionante.
Não foi possível realizar os testes de consumo de combustível e verificar a eficiência do gerenciador ativo dos cilindros. Segundo a fabricante, seguindo os padrões americanos, ele consegue média de 6,8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada em velocidade constante. Durante o teste, um caso de exceção, no qual se fica de pé em baixo quase o tempo todo, ele fez média de 2,8 km/l.
Depois do sucesso praticamente instantâneo da dupla Ford Mustang e Plymouth Barracuda, lançados em 1964, a General Motors reconheceu que um novo público americano merecia sua atenção. Os baby boomers (nascidos depois de 1945, data do fim da 2ª Guerra Mundial) já eram mais de 50 milhões de pessoas, e muitas delas, em 1966, já tinham dinheiro para adquirir um carro devido à pujança americana das duas últimas décadas. Contudo, os sedãs e cupês de mais de 5m de comprimento e 2 toneladas de peso não faziam a cabeça da juventude. Eis que os pequenos esportivos europeus invadem o mercado americano, provocando tal reação e o surgimento do segmento muscle car.
Ao lado da dupla Mustang e Barracuda, o Camaro surge em 1966 trazendo medidas mais compactas para os padrões da época e esportividade no visual e em suas configurações. Grandes motores V8 aliados ao peso menor passam a fazer parte da paisagem urbana dos EUA em proporções industriais. Em 1967, sua participação como pace car das 500 milhas de Indianápolis inflamou ainda mais a veia esportiva e Camaro virou símbolo de liberdade e, até certo ponto, de uma rebeldia juvenil. Sob o mesmo nome, ganhou reestilizações em 1970, 1982 e 1993, que foi descontinuada em 2001, no 35º aniversário do lançamento. Durou até 2002 em uma série limitada.
O fim do Camaro para os fãs tornou-se um recomeço para a Chevrolet. No ano seguinte ela já começava a rabiscar o que seria a versão futurista de sua lenda. O sul-coreano Sangyup Lee foi escolhido como chefe de design do projeto e teve como referência o modelo 1966/69 para trazer o Camaro de volta aos holofotes. “Foi uma situação inusitada e um desafio na minha carreira. Com este carro eu poderia ser aclamado como gênio, ou criticado por ser o idiota que descaracterizou uma lenda”, contou Lee, após ser ovacionado na primeira aparição do modelo de produção durante o Salão de Detroit de 2008. Antes mesmo de o carro estourar nos cinemas como o Bumblebee do filme Transformers 2: a vingança dos derrotados.
Versão 2SS
O carro que chega ao Brasil vem na versão 2SS, a top de linha. Nos EUA há ainda o LS, 1LT e 2LT, todos com motor 3.6 V6 de 312 cv, e a 1SS, com o mesmo motor 6.2 V8 que chega ao Brasil, mas sem o mesmo nível de equipamentos. Por fora, você vai notar, além da dianteira amedrontadora e das linhas com um “quê” de estar à frente de seu tempo, as belas e imensas rodas de 20” feitas de alumínio polido e calçadas com pneus 245/45 na frente e 275/40 na traseira. Se reparar bem, verá também que elas por dentro trazem enormes discos de freios nas 4 rodas, agarrados por pinças Brembo, sinônimo de esportividade.
Caso seus joelhos ainda estejam firmes, ao adentrar o Camaro, você vai se sentir um privilegiado. Tudo é gentilmente forrado com couro e os instrumentos do painel estão bem separados em dois espaços quadrados bem definidos. Seu volante lhe dá um ar de nave interplanetária, tem boa pegada (que é o que importa) com um cubo bem profundo, o que sacrificou a praticidade na hora de apertar os botões para as sete funções do computador de bordo, que fica em um cluster digital entre os instrumentos. Mesmo com todo o cuidado com estes detalhes, ao dirigir você nem precisa deles, já que há um display que é projetado no para-brisas, com as rotações, velocidade e modo de câmbio, ou marcha que se está no momento.
A versão importada para cá traz sistema de telefonia via Bluetooth, disqueteira para 6 CDS, toca MP3 player, tem entrada USB e 9 caixas de som espalhadas pelo habitáculo de 4 lugares. As partes plásticas do painel e das portas podem vir na cor do carro, quando a escolha for o amarelo ou o preto. Se você optar pelo vermelho, prata ou branco terá este revestimento na cor cinza escura. E você não acha que um carro de R$ 185 000 não traria ABS, seis airbags, vidros, travas e retrovisores elétricos, não é mesmo? Outra particularidade do Camaro é a opção única de transmissão automática de 6 velocidades com trocas que podem ser feitas por borboletas atrás do volante.
Ao volante
Quando você ligar o carro, vai ver que a história do comercial dele na TV e internet do “é no silêncio de um Chevrolet...” é a mais pura balela. O ronco alto com que ele lhe dá um “oi” assusta tanto quanto o robô dos Transformers, apesar de seu motor inteligente contar com um gerenciador do funcionamento dos cilindros, desligando-os à medida que reconhece seu pé mais leve. E saiba que é difícil não querer ouvir o V8 falando alto o tempo todo.
As boas impressões permanecem à medida que a velocidade aumenta. Apesar da visibilidade prejudicada de um carro com a frente enorme e que se dirige em posição mais baixa que o normal, não se pode reclamar de falta de controle. Não bastassem os gerenciadores de estabilidade e tração, sua suspensão com multibraços nas quatro rodas entrega um nível de segurança acima do que se esperaria de um carro com esta proposta. Tudo bem que o controle de tração não fica totalmente desligado – caso você abuse demais dos 56,7 mkgf de torque e se sinta perdido ele volta à carga –, mas mesmo quando a força gravitacional faz de tudo para empurrá-lo para fora de uma curva o Camaro se comporta como um esportivo de alta classe. Nem parece americano.
Quando você se desligar um pouco do mundo que passa como uma pintura borrada pelas janelas, perceberá que mesmo sendo um esportivo ele não é proibido para quem também quer um carro comum. Tem um porta-malas de 384 litros e o espaço traseiro, apesar de levar só duas pessoas, não é feito para crianças. As únicas ressalvas internas ficam por conta dos bancos. Comparados à performance do carro, ele são como poltronas na cozinha. Confortáveis, grandes, mas deixam você um pouco solto ali. A outra fica na conta da posição do freio de estacionamento, que está ao lado do console central, só que encostado no banco do passageiro. É estranho e não será fácil acostumar
Na pista
Os números do teste realizado no Campo de Provas de Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, serviram apenas para ratificar a aparência aliada às suas especificações técnicas. Usando gasolina comum, o Camaro cravou 5s6 para ir da imobilidade aos 100 km/h e apenas 13s8 para percorrer 400m a uma velocidade máxima de 170 km/h. A retomada de velocidade também espanta: leva apenas 4s,1 para sair dos 40 km/h e ir aos 100 km/h, empurrando seu estômago contra seus pulmões. Para frear é o contrário. Seus pulmões são empurrados para a frente e o mundo lá fora para em 23 m vindo a 80 km/h. Impressionante.
Não foi possível realizar os testes de consumo de combustível e verificar a eficiência do gerenciador ativo dos cilindros. Segundo a fabricante, seguindo os padrões americanos, ele consegue média de 6,8 km/l na cidade e 11 km/l na estrada em velocidade constante. Durante o teste, um caso de exceção, no qual se fica de pé em baixo quase o tempo todo, ele fez média de 2,8 km/l.
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